A primeira legislação sobre transparência e liberdade da informação data do século 18, sendo a Suécia o pioneiro ao criar esta legislação em 1776. Dois séculos depois, nos anos após a segunda guerra mundial, os Estados Unidos começaram a discutir o “direito de saber” (the right to know) e aprovaram sua legislação em 1966, sendo seguido por inúmeros países. Assim, no final do século 20 as leis de acesso a informação já eram populares na maioria dos países democráticos.

Com o surgimento da Web 2.0 e das novas tecnologias de publicação e consumo de dados esse movimento resurgiu como Governo Aberto, levando a iniciativas de Dados Abertos Governamentais (OGD - do inglês Open Government Data), iniciando a “segunda onda” de transparência. Porém, apesar de muitos governos ao redor do mundo lançarem portais de OGD, os mesmos tem sido muito criticados principalmente por falharem em cumprir os requisitos básicos de OGD, além de alguns críticos considerarem que “…muitos governos focam no desenvolvimento de um portal nacional de dados abertos governamentais como se isso fosse mais prioritário do que desenvolver a infraestrutura técnica para abertura dos dados para uso por terceiros…”.

Nesse contexto, em sua tese de doutorado Kellyton Brito considera que os governos deveriam basear a publicação dos seus dados a partir de um modelo mais abstrato, como um modelo de máquinas computacionais. O que leva a uma questão principal: existe um modelo computacional abstrato e genérico capaz de descrever os dados governamentais e possível de ser implementado como um sistema de informação na forma de um portal de dados abertos governamental?

Com o objetivo de responder a esta questão, Kellyton definiu a MAGDA - MAchine for Government Data (Máquina para Dados Governamentais), um modelo abstrato e genérico de máquina computacional que satisfaz os requisitos do domínio de OGD, e usou esse modelo para projetar, desenvolver e disponibilizar portais de dados abertos, usando dados reais publicados pelos governos, como os dados dos parlamentares federais e de todas as 270 mil escolas do Brasil.

Posteriormente, de forma a validar a utilidade da proposta, foram desenvolvidos aplicativos utilizando os dados desse portais. Estes aplicativos, além de demonstrarem a viabilidade e benefícios da proposta, receberam diversos prêmios de órgãos oficiais, como a Câmara dos Deputados e o Ministério das Comunicações. Além disso, também demonstraram ser de grande utilidade pública. Como exemplo, em uma pesquisa realizada durante o período das Eleições 2014, 58% dos respondentes que visitaram um desses aplicativos, o Meu Congresso Nacional () afirmaram que sua visita ao mesmo teve muita ou extrema influência na sua decisão de voto.